sábado, 21 de março de 2009

Além-futuro...

Além-futuro…

O vento, árctico, enregela-me a face;
Luzes de trás projectam me ao fundo.
De cima do muro vejo o futuro,
O além-mar…

Penso na vida, e a ela grita por ti…
Está louca por avistar-te…
De cima do muro vejo o futuro,
O além-mar…

Pegadas na areia, rastos de gente;
Ao fundo o mar, frio, fustiga as rochas.
De cima do muro vejo o futuro,
O além-mar…
Poeta

sábado, 14 de março de 2009

Ser amar..

Ser amar...

Estar preso, na própria liberdade
Num mundo de gestos e emoções baratas.
Estar perdido sem nunca ter saído do sitio;
Estar parado e não conseguir parar…

Querer sair de onde nunca entrei…
Querer ser o que sempre fui,
Mas nunca pude ser.
Morte, a morte inicia a salvação…

Morrer para poder viver…
Poeta

quarta-feira, 11 de março de 2009

Caminhada...

Caminhada...
Penso-te, escrevo-te nas entrelinhas…
Estou sozinho no caminho para casa,
E penso-te… E a rua fala, como que
Reservada, fala por sinais…

Dois velhos passam de mãos dadas,
E sorriem… sorriem como se a vida
Lhes falasse dizendo, “Valeu a pena”…
E eu passo e penso: “Eu gostava de ser assim”.

Dois gatos sobre o parapeito
Olham um pelo outro, miam
Como dizendo, “Amo-te”,
Gestos ternos, animais…

Eu gostava de ser assim…
Poeta

domingo, 8 de março de 2009

Belzebu...

Belzebu...
Mulher! Que desprezo trouxeste
Sobre o teu nome?
Que infame honra fizeste para ti?
Ai mulher de actos desprezíveis…
As labaredas do inferno esperam-te…

Mulher! Que fizeste tu?
Que erros pecaminosos correm em teu sangue?
A tua mente fermenta actos de mordacidade,
O ar que transportas deixou de brilhar,
A mascara angelical do carnaval de Veneza tombou…

Dizem que peco…
Dizem que não sou complacente…
Não o foi também o messias?
E não morreu ele na estaca
Ao lado de um criminoso?

Não, não mostrarei compaixão…
Não a tivesses mostrado tu
E o mundo seria um lugar melhor…
Oh mulher miserável!
Queda-te… Para trás de mim Satanás!
Poeta

segunda-feira, 2 de março de 2009

Dor animal...

Dor animal

Lento, o sangue escorre pelo corpo imóvel.
A areia entranha-se pelos furos na pele
Enquanto a água ao fundo, bate cada vez mais longe.
O sabor do sal mata-lhe o gosto…

Nos olhos, as lágrimas correm mostrando o lustro,
E num último suspiro de dor, a besta solta um guincho
De sofrimento seco que aperta o coração dos homens.
Já não há mais lustro nos olhos, morreu mais uma baleia…

Ser humano é ser destruidor…
Poeta